quarta-feira, 4 de maio de 2011

Contra Corrente

Algumas vezes eu utilizei uma imagem prá tentar figurar algumas tentativas humanas de seguir contra as imposições, crenças, valores de uma cultura, que era pensar-se tentando entrar (ou sair) de um trem do Metrô (na Sé-SP, por exemplo) em horário de pico, contra o fluxo das pessoas. Inadivertidamente, esta pessoa será arremessada de volta, numa tentativa frustrada de avançar.
Contra Corrente é justamente isso, uma figura de linguagem. Não se trata de um filme que se “lê” com os olhos, ou com o conhecimento, ou com as crenças, aliás esta última precisa ser rechaçada, pois afinal, não é absolutamente disso que o filme quer falar.
Devemos sentir o filme, demorei um pouco prá processar a informação, mas que bom que ela veio, mas veio a duras penas, doendo por dentro.
Fundamentalmente o filme trata de preconceito. Se quisermos vê-lo com expectativas quanto as relações afetivas, amor, amizade, traição, “armários”, crenças, ele renderá poucas discussões, ou quase nenhuma, um conteúdo pobre. O foco rico é o preconceito. São as impressões e os sentimentos que se instalam socialmente a partir desta experiência.
A máxima é sem dúvida a invisibilidade social à qual são “empurrados” os que estão à esta margem da aceitação e tolerância, aspectos como o aprisionamento aos quais estão destinados estes “diferentes”, o "peso de carregar" esta admissão, além dos clássicos, abandono, indiferença, agressividade, deboche e tudo mais.
É um filme que pode demorar a processar, mas prá quem experimenta ou já experimentou isso, saberá do que estou falando.  


Produção: Peru, Colombia, França e Alemanha
Ano: 2010
http://www.contracorrientelapelicula.com

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