sábado, 12 de fevereiro de 2011

O LEITOR - O Filme

Pensava hoje sobre o silêncio. O silêncio é uma fala, o que se quer dizer sem palavras, sem som, sem voz, sem gestos, sem olhar, sem toque... mas, verdadeiramente o que se quer que saiba. A presença tipificada pela ausência, o que se quer dizer pelo não dizer, o que se não faz para pronunciar o ato consumado.
Há coisas na vida que são indizíveis. A dor é uma delas.
A dor não se pode dimensionar, não se pode pesar. Não se compra dor, não se vende dor.
O Leitor dentre tudo de memorável que representa, denuncia esta mesma sensação que requer de nós uma rendição, de olhar para a dor, de tentar compreender a dor, de dimensionar a dor, de sentir a dor que essencialmente não seria nossa, mas, também nos é.
Que curiosa esta manobra de nos fazer circular por dores diversas, como se a cada um fosse atribuído o dever de sentir a dor do que é mais primitivo, do nascer.
O nascer implicado num tanto de "fazeres" e de "seres"... e as nossas escolhas e possibilidades reclusas no que se espera de mim.
Que filme intenso e profundo que trata da aceitação vinculada a apropriação de decifrar este conjunto de caracteres que se organizam e formam, constroem nossas idéias, a escrita, a leitura. Que poderiam ser significadas de muitas formas, mas que implicado no "ser" deste nascer, mata sereveramente este possibilidade de existir.
Secundário a isto, o afeto, marcado pelo silêncio, o silêncio que ironicamente diz, escreve, lê, toca, sente prazer, vive e sobrepõe tenporalmente a dor.
Quem não tem o domínio das letras silencia pela própria ausência de atribuir sentido aos formatos socialmente estabelecidos. A dor institucionaliza, que submete, que resignifica valores, verdade, justiça.
Tudo isso é poder... é dor... é silêncio.

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