segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Exhaustor Corporation

Semana passada, saída de uma reunião/situação muito f... deparei-me com uma camiseta com o texto "Exhaustor Corporation"... pensei em algumas fábulas:

De um filme... uma família perfeita. Pai bem sucedido profissionalmente, o bom marido, o pai atencioso, o homem visionário. A mulher fiel e dedicada, bonita e atenciosa, amável, boa mãe, compreensiva. A casa dos sonhos, um filho, um cachorro, piscina, amigos, etc... etc. Um projeto do marido, revolucionário, futurista, uma criança robô com capacidade para retribuir afeto, com uma condição, que a mãe o programe para amá-la, e ele o fará, incondicionalmente. Não somos robôs, mas somos "programados" para amar... é duro quando, como no filme, não se cuida o bastante antes de se afetuar a alguém. O resultado... desastroso, um dos filmes mais angustiantes que já vi... nunca consegui vê-lo novamente. Inteligência Artificial

Novamente uma família. Cada qual com suas tarefas. Há quem levante pela manhã, vá direto para a cozinha, e prepare o desjejum da família. Há quem arrume as camas, limpe os banheiros, lave as roupas, passe-as também. Há quem faça as compras, quem cuide do jardim, lave o quintal, guarde a casa. Há quem busque os jornais pela manhã, quem brinque com as crianças. Há quem nas mesmas famílias, suporte o desprezo, a chateação de um dia de trabalho difícil, o descontrole num chute impensado, num pisão enquanto cochilava. Há quem ache que o cão é da família. O cão é da família, mas ele é só um cão. Útil, prestativo, atencioso, não costuma guardar mágoas... mas, ele é só um cão, sempre só um cão.

Exhaustor Corporation.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

1/4 em Roma

O título do filme é "Um Quarto em Roma", mas que no fim das contas o que vale é só uma fração, 1/4 em Roma, e os outros 3/4 em qualquer outro lugar longe dali.
Havia criado algumas expectativas quanto a este filme, muito embora depois de ler algumas críticas, sabia que poderia não ser lá tudo isso, e infelizmente não foi mesmo.
O filme fica devendo em vários aspectos, falta "liga", falta química prá o casal, falta uma construção do encontro, falta harmonia, desejo, envolvimento, entrega, e sobra artificialidade, e uma relação pouco convincente.
As cenas são plasticamente bonitas, mas mesmo o toque mais simples, não reflete quase nada de paixão, em alguns momentos uma nudez exagerada, com menos sensualidade do que poderia liberar um filme como esse. Prá cada transadinha um dramazinho da vida de uma delas... bem deprê. Por fim e prá mim a noite ficou longa.
O que efetivamente salva o filme é a trilha sonora, que é belíssima.
Me rendi a isso, fiquei até o último acorde...  segue links prá trilha:

Loving Strangers - Russian Red
The painting speaksJocelyn Pooks
Women's Magazine Tango - Jocelyn Pooks

sábado, 27 de novembro de 2010

Mundo Alas - Documentário

Uma das maneiras na vida que me fazem identificar minha sanidade, é quando me permito afetar com as emoções mais simples, chorar com experiências de quem não conheço, emocionar-me com o essencial para a vida humana, sua própria preservação e manutenção, além de despir-me de tudo que me afasta deste estado.
Nesta semana aconteceu em São Paulo e em outras 19 capitais brasileiras, a 5.ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul. Apaixonada que sou por las películas de sudamérica não me furtei ao prazer de acompanhar mais este festival.
Acabei contudo, vendo somente dois filmes, um curta brasileiro e um longa argentino, mas que atenderam plenamente minha gana de assistir bons trabalhos e refletir sobre o que me importa.
Mundo Alas é um documentário argentino que justamente me permitiu alimentar desta sanidade que falei no início, e como escrevi no post sobre o Trio Jogando Tango, a vontade era de ter ao meu lado muit@s querid@s que pudessem compartilhar deste mesmo momento e sentimento.
O filme me fez retornar a sua sinopse, e neste retorno e releitura reconheci a destreza fútil com que orquestro alguns valores. Me recordo de ter conversado com uma amiga sobre o tema do filme, e ter dito que era sobre um grande músico que reunira um grupo de pessoas com deficiências intelectuais e que tinham alguma habilidade artística. Mera projeção, eu sou de fato a deficiente intelectual com quase nenhuma habilidade artística.
O documentário emerge na história daqueles artistas, grandes artistas que nos instrumentalizam para arrancar de nós, de mim, como num descascar de cebolas, camadas de "pré-conceitos" sobre a capacidade artística de seus personagens.
Ainda sobre o relato da sinopse, o que ficou da minha primeira leitura foi a deficiência, isso marcava prá mim o enredo do filme, após ver o documentário, na segunda e nas demais leituras, o grande talento, a capacidade artística presente neste grupo chamado Mundo Alas, desnuda e de alma lavada.
O final marcado pela magnânima interpretação de Mundo Alas da canção "Sólo le pido a Dios", composta pelo músico León Gieco (que conduziu este trabalho), conhecida na voz de Mercedes Sosa.
Segue abaixo a sinopse do filme, o site do grupo e a dica prá quem for à Argentina e tiver o grande privilégio de vê-los:     


Mundo Alas é um road movie, uma viagem iniciática de um grupo de jovens artistas que mostra sua arte junto com a voz, o talento e a experiência de León Gieco durante uma turnê por diferentes províncias argentinas. Músicos, cantores, bailarinos e pintores, todos eles grandes artistas, e portadores de necessidades especiais, expressam e comunicam sua maneira de ver o mundo: aquilo que lhes preocupa, que os anima e que os inspira, em um show que combina música, dança e pintura. Nele se destacam o rock, o folclore e o tango junto a grandes sucessos de León Gieco. 


DireçãoLeón Gieco, Fernando Molnar, Sebastián Schindel
RoteiroFernanda Ribeiz, Sebastian Schindel e Fernando Molnar
FotografiaManuel Bullrich
EdiçãoErnesto Felder
Empresa ProdutoraMagoya Films
Contatomagoyafilms@gmail.com | www.mundoalas.com.ar 


sábado, 20 de novembro de 2010

Amadeus e a Mahler Chamber Orchestra

Aos gênios e aos loucos, a árdua tarefa da infelicidade suprema. A genialidade à semelhança da loucura destitui do humano o prazer da felicidade real, encobre na sua mais profunda destreza com o inócuo, o que lhe é mortal. Sagaz nos sentidos impróprios se debruça na dor que lhe faz ser, ser o ser.
Esta introdução pouco faz ao tentar exprimir meus sentidos todos sobre Wolfgang Amadeus Mozart. Há uma semana fiz minha estréia na Sala São Paulo, como espectadora é claro. Fui ver uma orquestra formada por músicos de 20 nacionalidades que interpretaram Schubert e Mozart. Apresentada pelo músico brasileiro, o pianista Álvaro Liviero, a peça musical e a introdução sobre Mozart traduziram em suas inúmeras composições, o quinhão de genialidade que lhe foi destinado.
As composições de Mozart provocam o que de mais insalubre se esconde em mim, simplesmente porque cada acorde invade, vasculha, penetra, também porque de lá saiu, de suas entranhas, dos cantos mais escuros de sua alma inquieta e torturada, de sua sensibilidade, de sua insensatez que desprezou a honra de manter a serenidade, a loucura que não importa, que se porta com a naturalidade de um sábio sádico e louco.
Desvario de uma pausa, um ponto, um sinal, um breve, um até já, na intensidade de uma insurreição contra o estabelecido ser, que destoa em seus verbetes morais do sano que não verbaliza.
Aproveitei para rever a película "Amadeus" e alguns pensamentos e sentimentos se cruzaram naturalmente. Mozart morreu aos trinta e cinco anos, havendo composto cerca de 600 obras. Saramago de quem falei noutro post, teve sua maior e principal produção literária após completar 60 anos, tendo vivido até os 87. Este dois dados seriam suficientes para uma infinidade de imersões com frações de um sentido próprio e pessoal para cada uma delas, mas me fincarei a um sentido somente.
O que mais teríamos de Mozart se a genialidade e a loucura não tivessem lhe tirado a vida? 
Findo fincada neste "se" de Mozart e na certeza real de haver lido o último livro inédito de Saramago.    

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Minhas Mães e Meu Pai

Nos últimos tempos antes de ver um filme americano penso milhares de vezes, e na maioria das vezes opto por ver outra coisa. Xenofobismos à parte, as produções americanas holywoodianas ou de pretensão menor, empunham bandeiras, modismos, valores ultrapassados, que refletem pouco o que de fato as pessoas querem ver e discutir. Ensimesmados com suas preocupações que são suas próprias (a redundância é proposital), deixamos de apreciar o que de bom a sétima arte nos tem a oferecer.
A vez anterior em que me arrisquei a ver um filme desses que, sei lá como entram no circuito comercial, vi um filme recheado de valores heteronormativos um tanto sutis, mas muito presentes. O filme nas suas "entrecenas" mostrava a família nuclear perfeita, hétero, com um casal de filhos, feliz e bem sucedida. Até que surge no caminho da esposa uma prostituta lésbica, que "seduz" a esposa indefesa e quase destrói a relação perfeita. Lá pelas tantas aparece morta, com claro indício de haver sido eliminada pela esposa, que num tom de reparação, salvou sua família. Final feliz: família hetero mantida, lésbica-puta-paranóica morta.
Os exageros, são por minha conta... é tanto que até esqueci o nome do filme.
Ontem em plenos pulmões para assistir "Quarto em Roma", a pré-estréia de um filme europeu, dei-me com a placa no guichê "ingressos esgotados". Sem tempo prá chorar e tentando garantir a diversão da noite me aventurei na sala com o título "Minhas Mães e Meu Pai". Tinha lido a sinopse noutro dia e sinceramente, se fosse argentino entraria mais confiante na sala.
O filme começa e termina com um humorzinho de sessão da tarde, mas que nas tais "entrecenas" destila porções maciças de preconceito, de heteronormatividades e de sarcasmo sobre as relações homoafetivas.
Num resumo breve brevíssimo, o tema é sobre a família de duas mulheres casadas há 20 e tantos anos que tem dois filhos, cada um gerado por uma delas, a partir da doação de esperma de um mesmo homem. O pai aparece na história quase de páraquedas, charmoso, desapegado, garanhão, decide "comer" uma das mães, que gosta é claro, e atende ao desejo carnal do então pai de seu filho. A outra mãe, desgostosa pela traição e invasão deste pai em sua família, "mija" nos quatro cantos da tela, chora, esperneia, fala grosso e marca seu território, é o "macho" do casal.
As sutilezas são muitas, os vídeos pôrnos gays que aparecem como "o vídeo de cabeceira" para excitar o casal, os brinquedos sexuais satirizados pelo amigo do filho que descobre o objeto mexendo nas gavetas das mães, a mulher lésbica que pode precisar ser "comida" por um homem prá se sentir valorizada.
O mote que poderia ser pensar uma nova configuração familiar, acaba por, de modo bastante preconceituoso, apontar uma configuração numa circunstância de descontrução, à semelhança de referencias heteros vulneráveis, que não são a regra das famílias universais.
Tratar das dificuldades que são reais nas relações familiares neste tipo de filme, é quase como querer inventar a roda, por isso, só consegui enxergar no filme suas sutilezas.
As gargalhadas vem com um tanto de indignação também. O final talvez marque este conjunto da obra pobre, o casal em vias de reatar, no carro no caminho de casa, são encorajadas pelo filho que diz a razão pela qual elas não deveriam se separar: "Porque elas são velhas demais". Não porque se amam, não porque tem uma história juntas, não porque seria bacana tê-las como família... mas, simplesmente "porque são muito velhas"... lésbicas, velhas e sozinhas, seria de fato a morte.
Achei o filme muito ruim, não recomendo. A quem queira vê-lo e me ajudar a entender diferente, fica o convite e o desafio... rsss.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

José e Pilar

Tenho prá mim agora talvez o maior dos desafios neste espaço que me propus preencher com idéias que me laçam do lugar comum, me lançando às virtudes de criar. Qual não é este intento senão falar de José e Pilar. Hoje por fim chorei Saramago. O luto tardio da perda negada, me fez sentir num tanto só, toda a dor por alguém que silenciou. Talvez isto fizesse sentido com qualquer outro, mas não com este José. O José de Pilar, que no seu jeito único de expressar, significou como ele só sentimentos não ditos, malditos talvez, benditos por certo, significou os sentidos que contrariam os pontos e vírgulas de todos mais. A coragem de dizer o que se pensa, no que se crê, no que não crê, na certeza de dizê-lo a pessoa certa, no tempo que se quer, a quem quer, a quem crê, a quem não crê. O tempo que lhe faltou, que lhe precisou e lhe tomou prá si, o tempo que levou de nós a alma gentil de um homem que amou, viveu, que deu de si às artes, e que impregnou do mais intenso significado um jeito saramaguês de escrever. Por isso, não este José, não há como silenciar este José, que no seu texto corrido expressa as passadas de alguém que não temia avançar, eliminava os obstáculos do seu próprio modo, seguindo sem medos, sem paradas, sem tempo a perder, convicto, certeiro, objetivo, o próprio. Um filme emocionante, que trata de serenidade, sinceridade, feminismo, cumplicidade e amor, de inteligência sobretudo. Do amor que não banaliza o seu real significado, que preza pela figura que não é sombra, que é Pilar, que é O Pilar, a PilarPilar Del Río, que cruza com José Saramago nas ruas de Portugal, nas ruas da própria vida. No ponto exato do beijo que não pode ser retido, do encontro enamorado que me valerá meu tempo. Das frases inúmeras e da figura apaixonante que é José Saramago fico com a cena em que mostra sua humanidade ao ver nas telas a personificação de sua obra "Ensaio sobre a cegueira". Na pele de um mortal, José chora e se emociona lembrando do que lhe ocorreu durante a criação de sua obra magna.
Alheia às críticas de José às deidades, o filme é divino, José o era.
Vejam e vejam e vejam...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"Não perco tempo com gente que desiste!"


Uma frase no filme "Em Um Mundo Melhor" me fez rever conceitos, ele disse: "Não perco tempo com gente que desiste!". Alguns comentários que tenho lido sobre as eleições presidenciais são de "gente que desiste!"... o garoto da frase é o da foto, e ele só tinha 12 anos.
O Brasil precisa crescer e saber lidar com a realidade dos fatos, seja ela qual for. O respeito ao diferente, à diversidade, aos direitos dos outros vai além das nossas "convicções de umbigo", precisamos seguir acreditando no que nos confere este status de humano, sem atropelar quem pensa e acredita diferente... o respeito adquirido jamais nos tirará a fala e a escuta.

sábado, 30 de outubro de 2010

Em Um Mundo Melhor - Filme Dinamarquês

Num dia em que tudo parecia conspirar para o caos, este filme não poderia ter uma preliminar mais apropriada. Chego eu e uma amiga numa sala de cinema, compramos os ingressos com uma hora de antecedência, como não havia muita gente próxima às entradas das salas, fomos comer alguma coisa. Faltando dez minutos voltamos e qual não foi nossa surpresa que a sala estava cheia e não havia mais lugares... OVERBOOKING em cinema??? Mudaram o filme de sala e esqueceram de informar a bilheteria... pensei eu, realmente precisamos de um mundo melhor, de pessoas que respeitem pessoas...
Já sem tesão prá ver o filme, arrumaram cadeiras de madeira prá nós, outros tantos sentaram no chão, e lá fomos nós ao filme, que por sinal, quando a poeira baixou, já havia começado...
Mas, o filme valeu cada minuto sentada naquela cadeira dura e desconfortável.
O filme é um produção dinamarquesa que conta a história de dois garotos, sendo um deles, o Elias vítima de bullying e que estabelece uma relação de amizade com o outro garoto (não lembro o nome - muitas identificações... rssss), que acabou de perder a mãe e possui uma relação difícil com o pai (não por isso claro!!! rssss).
Os pais de Elias estão separados e o pai é médico sem fronteiras num vilarejo da África, região que sofre com guerrilhas paramilitares.
A história é arrebatadora, intensa, quase arranca nosso coração com as mãos.
O médico, pai do Elias, dá conta de compor um personagem que distingue de modo singular o passivo do pacifista. O que sofre a dor e a violência, mas não se rende ao revide. O enredo segue por este caminho, mas de um jeito que modera nossos sentimentos que vão da angústia de querer a justiça a qualquer preço ao pleno reconhecimento da virtude do médico Anton, o pai do Elias, que afronta o medo e assume o risco de ser ele mesmo.
As cenas são fortes, o bullying na escola dos "brancos" na Austrália, e também a violência contra mulheres e meninas "negras" grávidas na África, o machismo personificado no chefe de quadrilha de codinome "Machão". A humilhação que não tem níveis, a vingança que não tem limites, a dor que leva ao suicídio.
Torço para que este filme concorra ao Oscar, muita coisa prá se pensar... que ele volte em circuito comercial.
Anotem o nome.

domingo, 24 de outubro de 2010

Jogando Tango

Talvez isto aconteça com todos nós.
Imagine-se fazendo ou participando de algo único, um espetáculo de música, de dança, um evento esportivo, uma visita a uma exposição, um passeio num parque, uma viagem, e inúmeras outras situações em que, aquele momento único nos aproxima de pessoas distantes. Talvez nem tão distantes, mas pessoas que não estão ali conosco e que adoraríamos que estivessem.
Bem, aproveitando o que temos de melhor nesta cidade, eventos culturais gratuitos, fui ver o Trio Jogando Tango, e ainda que a platéia não estivesse cheia, consegui enchê-la com muitos queridos que desejei que estivessem lá comigo.
Um tanto pela unicidade do momento, pelo talento, pela gostosura de momentos agradáveis, um som limpo, um local improvável, cores contrastantes, e tudo ali, só prá mim e outros tantos desconhecidos.
O TRIO - composto pelo argentino Juan Pablo Ferrero (violão) e os brasileiros Ricardo Pesce (acordeom) e Vinicius Pereira (contrabaixo acústico), o grupo nasceu em 2009 com o intuito de pesquisar, estudar e reproduzir grandes músicos de tango. http://www.elarrastre.com.br/
O LOCAL - Praça Victor Civita - Espaço Aberto da Sustentabilidade, um local recem descoberto em minhas andanças de férias. Uma praça recuperada de um antigo "lixão", que traz conceitos de sustentabilidade em sua estrutura e proposta de projetos e trabalhos. http://pracavictorcivita.abril.com.br/
Ambos merecem ser conhecidos, o Trio e a Praça, talvez não mais juntos como foi comigo, mas mesmo em outros lugares, com novos encontros, e mesmo, a ausência de alguns de nós.


Segue um link para quem quiser saborear um pouquinho... 
http://www.youtube.com/watch?v=culfslkZJAo

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Como Esquecer

Outro dia quando fui à Bienal, ouvi várias vezes as pessoas se expressarem: "Mas isto é arte??", e pensando um pouco nisto, fico a tentar responder o que é arte. Arrisco-me a dizer o que é arte prá mim, num sentido muito particular do que me move, do que me provoca, do que me incomoda e me tira deste lugar comum. Penso que arte seja tudo aquilo que nos leva a nos enxergarmos no "isso", no "aquilo", na pedra pendurada, na pintura borrada, na cadeira abandonada num canto, e sem dúvida, nos personagens de um filme.
Hoje vi "Como Esquecer"... não pontuado por uma interrogação, mas que me levou a isso.
Numa história prá todos nós, o tema central do filme é a dor.
Falar de dor é difícil, senti-la é inevitável, superá-la é um feito.
Mas, encontrar-se na dor alheia, isso é arte. Na dor da Júlia, na dor do Hugo, da Lisa, da Helena. As nossas dores estão lá representadas, todas elas. O roteiro caminha por caminhos que já trilhamos em nossas tentativas de superar nossas dores. A plástica do filme é muito bonita, a provocação é tenaz, aproxima, nos leva junto, deita, come.
Como naqueles jantares em que a saladinha faz mais sucesso que o prato principal, Ana Paula Arósio poupou nos temperos e deixou prá Arieta Corrêa o lugar mais pretencioso e ousado.
O filme mantém a elegância de um argentino dançando tango. Me vi em várias cenas, me vi em todas elas.
Um filme prá ser visto e sentido.

fonte foto: http://comoesquecer.wordpress.com/ (blog oficial do filme)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Museu DAS LEMBRANÇAS do Futebol

O que te lembra a infância?
Outro dia conversando sobre culinária com uma amiga, chegamos ao ponto de falarmos de comidas que tem sabor de infância, que nos reportam de tal maneira que nos sentimos aconchegados ao sentir novamente aquele sabor.
Mas, nem só de sabor viveu nossa infância. 
Hoje, uma vez mais nas minhas andanças por São Paulo em seus programas gratuitos, fui conhecer o Museu do Futebol, e revivi por um instante, que foi curto mas também eterno, um sentimento de infância, deliciosamente prazeroso.
Os finais de tarde me são especialmente agradáveis, talvez porque tenha nascido num final de tarde, exatamente às 16hs, e lembro-me de muitas situações e vivências das minhas tardes. 
Após um dia de boas brincadeiras de crianças, num quintal de terra, chutando bola, correndo e subindo na goiabeira, no balanço do abacateiro, fazendo trilhas no chão para brincar de pneu, com os irmãos e amigos, ouvia meu pai ligando seu radinho AM para ouvir um desses programas de comentários de futebol, na Rádio Globo com o Osmar Santos.
Mesmo sem ser muito atenta, era-me muito familiar tudo aquilo. Meu pai sempre gostou mais de cozinhar do que minha mãe, ligava o rádio e enquanto tomávamos o café da tarde, ele ouvia todos aqueles comentários e já começava a preparar a janta, comida bem temperada, as suas sopas inesquecíveis, que saudades pai!!!
O som, o sabor, o aroma, tudo junto, muito familiar, muito agradável.
Hoje quando passava numa das salas de visitação do Museu, revivi um pouco disso, ao ouvir uma das narrações do Osmar Santos num jogo de Palmeiras e Corinthians (meu pai era muito corinthiano), por um momento experimentei tudo aquilo, de novo, que saudades... "ripa na chulipa, pimba na gorduchinha, e que gollllllllll!!!!".
Há alguns anos já sem isso, não só porque cresci, mas porque seu radinho já silenciou também, fica aqui minha lembrança e carinho eternos à memória deste pai que me ensinou muitas coisas... meu pai corinthiano "seu" Darcy, que me fez aprender e me faz sentir em coisas simples valores eternos... minhas muitas lágrimas prá você. 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Florilégio

Há duas semanas atrás sentia-me um pouco como hoje... em casa, sozinha, sem ter muito o que fazer, e um dia lindo lá fora. Uma amiga ligou e sugeri uma peça escolhida muito mais pela localização e horário, do que pelo próprio espetáculo, que a princípio me parecia somente agradável.
Bem... sou daquelas pessoas que não gostam muito de surpresas, mas acho também que as surpresas podem ser as mais variadas possíveis, e na verdade não gosto de determinados tipos de surpresas, mas gosto demais de ser surpreendida em algumas ocasiões.
Neste caso, nesta peça, fui agradavelmente surpreendida.
Um teatro-musical divertidíssimo com os atores Carlos Moreno (o garoto Bombril) e Mira Haar, e o tecladista Jonatan Harold. Com um repertório variadíssimo, tivemos canções de Lupicínio Rodrigues à Edith Piaf, sempre com muito talento e humor.
A alegria dos atores no palco é contagiante, a poesia nas canções são exaltadas com interpretações que encantam, com o humor característicos desses atores.
Fica mais esta dica, e é de graça.
Para mais informações sobre o espetáculo clique no link:
http://catracalivre.folha.uol.com.br/2010/09/mira-haar-e-carlos-moreno-no-espetaculo-florilegio/

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dos Hermanos

Ni buena, ni mala...
Uma comédia argentina suave, que não chega a ser entediante ou cansativa, mas está longe de ser genial. Propõe uma reflexão que talvez faça mais sentido ao contexto cultural de los hermanos latinos, que a nosotros. Pensar a convivência de dois irmãos bastante diferentes, ambos com mais de 50 ou 60 anos, solteiros, trazendo desta relação conflitos de toda uma vida. Uma relação fraternal que vai do mais profundo desprezo ao amor incondicional. É interessante usarmos a historieta para pensarmos nossas próprias relações familiares, ainda que o filme não impulsione necessariamente a isto. Um aspecto que poderia provocar um pouco mais, fica somente na insinuação do irmão gay, mas cabe bem a escuta que temos dos nossos familiares.
Nada de espetacular, somente prá quem realmente gosta do cinema argentino, e que, como eu, acabe se deliciando de qualquer forma.
Buena película!!!


domingo, 10 de outubro de 2010

S3RV3

O que te S3RV3, S3RV3
Pra que 5ERVE
SE s³rv³
SERVE
Se não o serVe, pra que seRve?
Se não s3rv3, não sERVe.
4RR4NC4-O, L4NÇ4 FOR4
Se teu 0lh0, arranca-0,
Se teu braço, arranca-o
Se não lhe SErve, não SErve.
Eis aqui, meu c0r4çÃ0.
Que faço?

sábado, 9 de outubro de 2010

O Poeta e as Andorinhas

O que é o bonito? O que é o formoso? O que é o belo? O que é leve? O que é doce?
Quando pensamos nestes adjetivos, nos vem conceitos um tanto subjetivos, de referências absolutamente pessoais, e que portanto, difíceis de definir. Há quem diga que o feio não existe. Pois é, mas parto por essa introdução, para falar deste espetáculo, que me deixou com um sentimento de suave e adocicada beleza.
Um espetáculo que conta contos de Oscar Wilde de um jeito lindo, leve e formoso. Apesar de ser um espetáculo infanto-juvenil, trata de questões que são de todos nós, quem não sabe o que é amar incondicionalmente, amar sem ser correspondido, doar-se, negar-se por amor. Que delícia de tempo passado ao som de canções doces, bem cantadas, um cenário que nos transporta a outros tempos. 
A mensagem central é do amor que só vale a pena se for para libertar, seja pela morte, seja pela vida.
Vale muito a pena assistir, levar amig@s, sobrinh@s, filh@s, de todas as idades... gratuito com distribuição dos ingressos uma hora antes do espetáculo, sábados às 16hs, no Teatro Imprensa (Rua Jaceguai, 400 - São Paulo).


Segue link com trailler do espetáculo:
http://www.youtube.com/watch?v=4-0PnMROV6U

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Et Si Tu N'existais Pas


ENFIM VIÚVA - mais uma produção francesa deliciosamente surpreendente.
Este filme é um pouco de tudo que esperamos encontrar numa pessoa a quem queremos amar: nos faz rir, nos faz refletir sobre coisas importantes, nos faz sentir raiva as vezes, nos faz sentir saudades, nos faz chorar, mas acima de tudo, nos faz desejar sempre ver novamente e passar por tudo outra vez.
A história é simples, mas suavemente envolvente, muito bem dosada em suas porções de humor, de drama, de romance, e que subitamente ainda nos rega com uma trilha sonora de particular encantamento.
Vejam e se apaixonem novamente, depois de assistir precisei de uma longa caminhada na Paulista prá me recuperar antes de ir prá casa, simplesmente sensacional.
Segue link prá um vídeo clip da trilha sonora principal do filme numa versão atual e gostosíssima de ouvir.

http://www.youtube.com/watch?v=W-VnxF6b0A0

Confiram!!!

domingo, 19 de setembro de 2010

O Beijo

CONSTANTIN BRANCUSI - O Beijo, 1908
Severas letras que arrancam de mim o riso
O fato, o é assim como o faço
O faço fato, prá que de mim não saia
Tão perto, me faz sentir
A lembrança que desvanece
Teu leite no meu leito,
teu gosto no meu rosto.
Tão sóbrios, nossos olhos se cruzam,
Tão longe, tão perto, tão tudo, tão nada.
Tua pele suada e a minha, ligadas num corpo só
O cheiro do prazer que atravessa por entre nós,
Nossos nós. Seu gemido, sua dor, seu favor.
Seu beijo na minha boca, sua boca, nosso beijo, nosso tudo.

sábado, 18 de setembro de 2010

Antes que o Mundo Acabe e 5xFavela

Noutro post, noutro dia, conclui uma reflexão que tratava do que me inicia nessa conversa, de agir sobre a nossa história, de decidir por nossas escolhas, de provocar com atitudes a nossa própria vida.
Invariavelmente, nos meus anos mais recentes, para não denominá-los últimos, tenho feito escolhas curiosas, que me trazem ganhos interessantes, deveras importantes também. Ano passado, para não ir muito longe, decide por ler muito, comecei e concluí meu ciclo com Saramago (A Viagem do Elefante e Caim), no meio desse soneto, vieram também biografias (Lance Armstrong e Maysa), uma trilogia de ficção evangélica mais dois bestsellers do mesmo tema, romances psicológicos, livros que viraram filme (como O Menino do Pijama Listrado), magia e fantasia (A Cabana e As 7 Crônicas de Nárnia). Num desejo de terminar o que havia começado, li até o que achei pouco estimulante, mas que, tomando a rédea de minhas escolhas, algo de bom poderia surgir, ainda que fosse terminar aquela leitura.
Bem, neste ano, o cinema tomou lugar neste ímpeto de fazer-me decidir e pensar, ocupar-me por vezes. E tudo isto, tem me levado a agradáveis surpresas. Como já tenho dito, o cinema francês foi de longe minha maior satisfação e descoberta. Filmes de qualidade, dramas ou comédias de fazer rir e chorar, de fazer pensar ou simplesmente descontrair, sem compromissos de compra e venda, sem verdades definitivas, sem promessas de solução mundial, sem o falso maniqueísmo moral defendido ainda por algumas estações cinematográficas.
Outras gratas surpresas dessas semanas passadas, foram estes lançamentos brasileirinhos, "Antes que o mundo acabe", uma produção gaúcha das mais belas. Um tom leve, suave, muito parecido com o também brasileiro e gaúcho "Os Famosos e os Duendes da Morte" (comentado num dos meus primeiros posts). O outro, é o "5x Favela, agora por nós mesmos", interessante por sua construção e história, o filme retrata em 5 curtas, histórias do mundo chamado FAVELA, contadas por quem vive lá. Intenso em suas provocações, instrui-nos num outro conceito moral, o conceito favelático. Respostas fáceis que, tem outro tom e rumo nas relações estabelecidas entre moradores, autoridades e o poder por lá e por cá estabelecido.
Dois filmes muito bons, que divergem num aspecto que torna o 5x Favela, um tantinho menos espetacular do que poderia ser. Ambos, recheados de novos atores, ou pelo menos, pouco conhecidos no mercado midiático, o 5x Favela não sustenta em suas boas histórias, boas interpretações. Atores que emocionam pouco, mas que nem por isso, torna o filme menos interessante, as histórias no fim das contas, se sobrepõe a tudo. Em compensação, "Antes que o mundo acabe" não fica devendo em nada, gente nova dando passos de gente grande...
Recomendo ambos, com ou sem pipoca.

sábado, 11 de setembro de 2010

ONDE VOCÊ ESTAVA EM 11 DE SETEMBRO DE 2001?


Nos últimos tempos tenho escrito pouco, se por falta de inspiração, não sei, se por falta de vocação, não sei, se por falta de devoção, não sei. Fato é que hoje me senti ambiguamente mobilizada a escrever. Seja pelo óbvio de tratar de um episódio que, neste novo século, é sem dúvida dos mais degradantes e marcantes. Seja pelo óbvio de tratar de um episódio que, aquém deste século, motivou um incontrolável desejo de vingança, matança, esperança e desesperança, que também toca nossos intocáveis instintos primitivos.
Certamente todos nós já respondemos por inúmeras vezes a pergunta título deste texto, e isto do mais profundo de nossas cavernas mentais, sai com uma satisfação imensa de conexão com a história, com esta humanidade, com a dor ou prazer alheios (que desastroso dizer isso!!!).
Avenida Paulista, tomando um lanche antes de encontrar com um grupo de adolescentes para uma visita cultural. Mas o que é aquilo na TV? O que está acontecendo? Nem dei conta da dimensão dos fatos. Hoje pergunto, porque não me aprofundei um tanto mais naquelas imagens que marcariam ainda mais meus minutos de vida daquele dia?... me lembraria ainda se houvesse conversado com alguém sobre aquilo, alguém que já conhecesse as tais torres e me contasse de sua viagem e seus passeios... me lembraria de alguém chorando por algum parente ou amigo imigrante que estivesse por lá... mas não, não me dei conta da dimensão do fato ... tornei meus minutos inglórios, tomei meu suco e fui embora .
Remida por não sermos nós os diretamente agredidos naquele dia, segui meu destino permitido a partir de então, sofrendo ou gozando sobre a dor do outro (novamente desastroso repetir isso!).
De tudo o que foi produzido e construído sobre este fato nestes 09 anos e, avidamente consumido por todos nós, quero falar desta imagem, que por incrível que pareça só vi ontem.
Conhecida como "O Homem em Queda", esta imagem já traz em seu título um roteiro, que é coletivo, mas que pode ser também muito particular. O que fundamentalmente está caindo? QUEM está, fundamentalmente caindo? Cair é bom ou mal? Que escolha é esta que este alguém teve que tomar?
As nossas identificações, manifestas e públicas, dão-se com personagens vitoriosos, bem- sucedidos, heróis, vencedores legítimos... pouco provavelmente com quem salta de um prédio para a morte. O que nos vem, o que me veio, foi de pronto... que desespero, que limite, que loucura, que horrível.
Mas, como transformar dor em benção não é humano, quiçá divino, transferi-me para um outro ponto de um outro olhar. Neste documentário que vi, a provável parente do homem que salta, "prefere" olhar com otimismo este salto. Diz ela em suas palavras, aqui rebuscadas (de re-buscar na memória) que ele poderia esperar a morte, ele poderia ficar parado e não decidir sobre sua vida e história. Poderia ficar lá e jamais ser encontrado, poderia ficar lá e ser mais um, ou menos um. No entanto, ele decidiu, ele saltou, ele agiu sobre sua escolha e vontade, ele agiu sobre sua vida. Talvez como muitos de nossos atos, saltar daquele prédio em chamas, foi um ato de coragem, de decisão, de escolha, de morte por certo, mas um ato, fundamentalmente de vida, por menos que isso possa parecer.
Como a irmã do moço, eu "prefiro" também enxergar isso, ao menos dessa vez, ao menos por hoje.

Créditos da Foto: fotojornalista Tom Junod

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Oh My God


Adoro animação, incrível o que se faz com arte, criatividade, com o lúdico. Uma das maiores qualidades que reconheço em alguém genial e interessante é sua capacidade de expandir sua experiência de reflexão com os outros, por meios fáceis de se emergir nesta mesma experiência, ou em outras de relevância inquestionável.
Nem sempre o proposto por este artista é atingível na dimensão em que ele supostamente criou sua obra, no entanto, tais pérolas são alcançadas de outras formas, com outras possibilidades, com reflexões infinitas.
Felizmente, e não raro, tenho me deparado com este tipo de arte. A arte qualificada por um teor de qualidade que se projeta naturalmente além de todo o resto, como falei noutro dia, além do lugar comum.
Recebi de um querido esta animação que me paralisou... muitas possibilidades, reflexões infinitas, sérias e cômicas, prá rir e prá chorar... só alguém muito bom, dá conta de juntar tudo isso num pacote só.
Não conheço Juan Pablo Zaramella, mas seu trabalho já me conquistou... claramente um tensionamento entre os opostos, as diferenças, o santo e o profano, a insustentabilidade do ser... dá prá fazer uma tese com este filminho. Ele consegue ser leve e profundo ao mesmo tempo, trata de cisões, de perdas e ganhos, transformações... e termina com resiliência... incrível... amei!!!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Um Novo Caminho

O que fazer numa segunda-feira fria, desacompanhada, depois de uma mamografia pela manhã? O menos óbvio, um cineminha prá relaxar...
Optei novamente por um drama francês, que aliás continuam me surpreendendo.
Este, menos brilhante que outros que comentei, mas que no geral, dá conta de tratar de um tema que não é atual, mas é bem real, o alcoolismo. De um jeito direto, sem rodeios, sem os apelos dramáticos que as dificuldades inerentes as famílias apresentam, é um filme tocante.
Aponta para aspectos da dependência juvenil, que é um fato preocupante, mostrando ainda pessoas comuns que passam pelo mesmo problema.
Curioso como o título desta película é tanto simbólico quanto literal. A busca por superação ao vício prospera literalmente pela descoberta de novos caminhos, evitando os outros que lembram e ativam a memória de antigos hábitos.
Lembrei-me de uma conversa com meu amigo Pedro, certa vez... ele falava de possibilidades, alternativas. Criar novas alternativas, criar "um novo caminho", um novo jeito de se chegar onde se quer. Este filme me fez lembrar isso... só por isso valeu o ingresso... saudades de minhas conversas cheias de descobertas com este amigo...

terça-feira, 27 de julho de 2010

O Grão

Já ouviram a expressão: "Tirar leite de pedra"?, isto é O Grão.
O filme explora de um jeito pouco eficiente, uma temática interessante, que é o lidar com a morte, a preparação do outro para a morte de seu ente querido, mais ainda, a preparação de um neto para a morte de sua avó, mas que, inadvertidamente, acaba nos levando a um desejo estranho, do qual falo a seguir.
Antes de falar do "desejo estranho", destaco o contexto em que se trabalha o filme, também sem muita novidade. A vida sem perspectivas de quem vive nos sertões do país, ou prá não dizer sem perspectivas, porque, boas ou ruins, sempre há alguma, mas justamente quais são estas perspectivas: do homem que já criou seus filhos e se sente feliz em sua vida, da mulher que fica em casa e cuida dos afazeres domésticos e da sogra doente, a filha prestes a se casar com um "consertador" de bicicletas, com a promessa de irem morar na "capital", a sogra doente prestes a morrer, a criança que não sorri e não larga seu cachorro. Claro, além destes, as cabras, os bodes, a seca, a TV ligada que não explica então o porque das velas iluminando os quartos... sei lá.
O foco, é a avó doente que quer preparar o neto para sua morte. Para isso, começa a contar uma história que projeta tratar do tema morte, sua realidade, e tudo mais.
Curioso quando a história começa a ser contada e logo faz o garoto adormecer... bem, claro, a avó vai continuar no dia seguinte, e nos seguintes, a cada cochilada do garoto e até que ela morra, é óbvio.
Menos eficiente prá nos ligar à história e mais eficiente para fazer dormir, perdi parte da lenda contada pela avó... dormi também!!! e acho que acabei perdendo o melhor do filme. O estranho desejo de que falei, é a torcida prá avó morrer logo, porque o filme não conta nada além disso, e satisfeita com o que já tinha visto, queria dormir em casa.
Se comparado à Fita Branca (que me dói lembrar o tempo perdido), considero este razoável, a fotografia é boa, e??? bem acho que a fotografia é boa... é um filme prá quem quer ver algo muito além de um bom filme.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O Pequeno Nicolau no Maravilhoso Mundo de Bob

Vi...
Todos os louros a este Pequeno Fabuloso Nicolau Poulain... seria equivocado compará-los, não fosse a genialidade repetida em mais esta obra prima do cinema francês. Genial, fabuloso, delicioso, quantos ¨ais¨ e ¨osos¨ seriam necessários para distinguí-lo de outros ¨ins¨ e ¨ríveis¨ que se lançam por aí?
No post anterior ¨Volver a los diecisiete¨ uma frase da canção remete bem a esta historieta... Voltar a sentir profundo como uma criança diante de Deus... é isto que o Pequeno Nicolau consegue fazer com cada um de nós.
Voltar a ser criança, voltar a sentir como criança, problematizar como criança, projetar como criança, fazer planos como criança, sorrir como criança, chorar como criança.
Na inocência de suas maiores fantasias, na maestría de seu domínio sobre o que se cria, nas respostas prontas do que se é de fato, na sua lógica sem formalismos e caminhos previstos... se visse este fabuloso Nicolau cantaria Violeta Parra quiero ¨Volver a los Siete¨, sem dúvida alguma.
Lembrei de outros pequenos como este, ¨O Maravilhoso Mundo de Bob¨, ¨Rugrats¨ ou ¨Os Anjinhos¨, personagens que me fizeram algum dia repensar meus mundos complicados, cheios de problemas, de dúvidas, incertezas, tristezas e tudo mais. Não que nestes outros não exista tudo isso, mas denunciam as elaborações sociais deste nosso mundo de ¨gente grande¨prá processos que são em sua essência bem mais simples.
Lembro-me de uma cena num episódio de Rugrats, em que uma das crianças interage com um rato, porque não conhecia um e não tinha a construção social do que significava um rato, e quando a mãe vê a criança com o rato, grita e se assombra com a possibilidade de que seu filho toque aquele rato, socialmente sujo, etc... etc...
Pois é... quem são estes ratos que nos ensinaram a ver como sujos, e socialmente repugnantes.
Um rato é só um rato até que nos digam o que mais ele é.
Um brinde ao Pequeno Nicolau que nos dá a chance, assim como Bob e Rugrats, de vermos a vida, as pessoas e os ratos, com olhos menos cansados, com olhos de ¨poucos anos¨... brindemos com leitinho e suco de uva... rsss

domingo, 11 de julho de 2010

Volver a los Diecisiete

Ouvi...

Voltar aos dezessete depois de viver um século
É como decifrar signos sem ser sábio competente
Voltar para subitamente, ser tão frágil como um segundo
Voltar a sentir profundo como uma criança diante de Deus
Isso é o que eu sinto neste momento fecundo.
(Tradução livre de Violeta Parra - Volver a los Diecisiete)

Que foi que fiz ou não fiz simplesmente... que momento fecundo, que me faz deparar com tão pouco.
Aos dezessete, aos vinte, aos vinte e três, aos trinta, e tantos mais, e eu nada fiz...
Terá valido algo, terá?
Agora a memória me trai, há de ter havido algo bom, há ter valido algo, há de ter valido por um momento só, mas algo há, algo há que há valido a pena.
Lembrar é o que conta, mas se não lembro eu, alguém lembrará, se não valeu por mim, há de ter valido para alguém, há de ter valido.
Volver não faz sentir melhor, pior sem fim, os horrores das dores que já passei, não quero mais, muito embora, muitas delas cá estão.
Aos dez talvez, não sei mais, antes ainda, terá valido algum dia.
A dor que não vai, que nunca vai, apegada a vida como alguém que dela depende, que sente junto, que sente igual, tal dor, tal vida, tal qual le toma pela mano, le sigue por la calle, le sigue por la ruta, le sigue por el cendero, le sigue para siempre.
Um sopro, isso é tudo, tão pouco é tão tudo. Tudo é muita coisa, tudo é tudo.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O Nada


Se não há corpo, não há morto, se não há morto, não há crime, se não há crime, não há pecado, sem pecado, não há perdão, se não há perdão, não há corpo, se não há corpo, não há nada. Se não há som, não há música, sem música, não há melodia, sem melodia, faltam notas, sem notas, há vazio, no vazio, há eco, no eco há vazio, no vazio sou o nada. Sem sol, não há luz, sem luz, não há clareza, sem clareza, há confusão, na confusão há incertezas, nas incertezas há tropeços, nos tropeços, vem as quedas, nas quedas há dor, na dor há escuridão, na escuridão não há luz, se não há luz, não há nada. Se não há graça, não há virtude, sem virtude, não há dádiva, sem dádiva, não há presente, sem presente, não há riso, sem riso, não há gozo, sem gozo, não há glória, se não há glória, não há vitória, sem vitória, não há graça, se não há graça, não há nada. No nada não há vida, se não há vida, há um morto, se há um morto, onde está o corpo? O corpo de muitas faces, o corpo de muitas delas, o corpo de muitas ditas, já ditas, graças, glórias, vitórias, benditas, benditas em cada uma, benditas em todas elas. Se não há eu, não há corpo, se não há corpo não há morto, se não há morto não há nada.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago

Saramago, mago de tantos textos, corridos, ligeiros, astutos como ele só. Uma linguagem única, de um quase mago, ele mesmo, Saramago. Homem de tantas faces, fases, fazeres, mas sempre ele mesmo, apaixonante, apaixonado, pelas letras, pelas palavras juntadas e montadas. Ler Saramago foi um dos maiores mistérios aos quais já me lancei. Ele é todo, inteiro, dono de uma descoberta literária que lhe era própria e somente sua. Crítico, mas sábio em todas elas, conhecedor dos tempos e dos ventos, do que leva e trás, do que nos leva e do que nos trás, do que se leva e do que se trás. A Saramago cito Fernando Pessoa:

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Saramago foi GRANDE. Como poucos, que se conhece por si. Saramago foi INTEIRO, o li em todo ele. Saramago foi TODO, em todos eles e elas de seus personagens. Saramago foi LUA, o feminino dos astros, e brilhará sempre.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Nós, Golpistas dos Anos

O Golpista do Ano é um grande simbolismo de tudo que somos capazes de sabotar e de "golpear" contra nós mesmos. O que armamos, e construímos fundamentados em expectativas que não são nossas. Quero falar disso.
A peça Alma Imoral é mortal ao trazer-nos um fato não equivocado. Numa frase a personagem golpeia-nos frontalmente e sem exageros, bem capaz de nos nocautear, dizendo "que a nossa vida não seja uma oferenda para o nada". Quando ouvi isso, dei-me de sobressalto. Como alguém ousa fazer-me ver a grande imbecilidade da qual também faço parte, de um mundo movido e motivado a satisfazer expectativas que não são minhas, ou noutras palavras, bem menos morais, oferecer "oferendas para o nada", menos morais ainda, oferecer "oferendas prá porra nenhuma".
Costumo dizer uma frase, que algum dia também me golpeou. Do filme Lamarca, quando o Sargento Lamarca, então na clandestinidade, escreve aos filhos que estão exilados em Cuba, dizendo "não chame ninguém de senhor, porque ninguém é senhor de ninguém. Respeite a todos, e exija de todos o mesmo respeito", adotei de pronto isto, que é mais que uma frase, é um conceito.
"Oferendas para o nada" e "ninguém é senhor de ninguém", que há de tão pactual nisso? Num pacto pessoal, descobri nisso o convencimento de que isso é libertador. Dar-se conta de que o melhor de mim, precisa ser melhor prá mim primeiro. Que se o melhor de mim, não for melhor prá mim, primeiro, não o será para mais ninguém.
O preço disso não é barato. Rompe com o melhor que os outros acreditam que seja o melhor prá mim, o melhor de mim. Romper expectativas é romper com essa injusta "oferenda ao nada", é romper com uma servidão que me torna menos serva, porque o faço cindida, fragmentada, ofuscada pelo que me torna ainda menos "melhor" do que me caberia ser.
Por isso não é fácil, e também por isso é que é imprescindível fazê-lo. O pacto estabelece um tratado de verdade, de juramento, de convicção e vida. Estabelecer-se nisso implica em comprometer-se em oferecer o melhor de nós não aos outros, mas a nós primeiro. E a quem couber e reconhecer nisso relevância, compreenderá nossas escolhas, e obterá também o nosso melhor.
Como cantaria alguém: "somos (ou sentimo-nos) suspeitos de um crime perfeito, mas crimes perfeitos não deixam suspeitos". O Golpista do Ano está longe de ser uma comédia, é quase trágico. Mas serve prá pensar em tudo isso... no simbólico golpe contra si, o crime perfeito que é sempre (re)velado. Prá quem vale?, prá quem vela?... não vale. O melhor de nós para nós mesmas.



domingo, 6 de junho de 2010

Coisas Que Deixamos Pelo Caminho

Semana passada li o seguinte:

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está
no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta
que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a
felicidade."
Carlos Drummond de Andrade

E ontem vi este filme que me convenceu ainda mais da relevância desta reflexão de Drummond.

As perguntas são diversas: o que deixamos pelo caminho, o que recolhemos do caminho, o que não recolhemos no caminho e o que não deixamos pelo caminho.
Que caminho é esse, quem é o caminho.
Quem são no caminho, onde estão no caminho.
Porque vou no caminho, prá que vou neste caminho.
Com quem neste caminho, prá quem neste caminho.

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está...

No amor que não damos...
No amor que não damos no caminho.
No amor que não deixamos no caminho.
No amor que não levamos do caminho.

Nas forças que não usamos...
Não usamos as forças no caminho.
Caminho quase sem forças.
Sem forças prefiro outro caminho.

Na prudência egoísta que nada arrisca...
Nada arrisca no caminho.
Sem riscos caminho prudente.
E prudente, arrisco todo o caminho.

Esquivar-se do sofrimento que pode implicar em felicidade...
O sofrimento que leva a felicidade.
A felicidade no caminho que me esquivo.
Me esquivo da dor do caminho.

Como cantaria Djavan... como querer Drummondear o que há de bom...

O que há de bom???
O Caminho... viver o caminho é bom.

domingo, 30 de maio de 2010

Orgasmos Vivos

A psicanálise ou alguns psicanalistas denominam o orgasmo como a morte. A morte porque é o clímax, o pico de algo que descenderá, o prazer final, o próprio fim, portanto, a morte. Mas, como nem tudo explica Freud, e Freud nem tudo explica, decidi explorar outros prazeres, não menos prazeres, não menos finitos, não menos fluídos, porém, os quais passo a denominar orgasmos da vida, ou orgasmos vivos.
De fato, o clímax do prazer encerra-se numa explosão de gozo... mas, e se esse clímax do prazer perdurar e não encerrar-se com esta finitude esperada???
Seguindo nesta mesma rota, que tal descobrir os nossos pontos "G"?... sim temos, todos temos... a depender do "G", o gozo pode traduzir não o fim, mas o princípio de tantas coisas... rsss. Quantos "Gs" são capazes de nos fazer brilhar além do "pouco tempo"?
Mas, como nem todo orgasmo precisa ser morte, alguns "Gs" podem ser "Is".
O Orgasmo Vivo ao qual me referi reflete o prazer que superou a finitude, estendeu-se ao dia seguinte, seguiu-se até agora. Um prazer quase interminável, do dever cumprido, da meta atingida, do gozo alcançado, superado, mantido... o Orgasmo Intelectual. O Ponto "G" que é "I". Explicar é a morte, a descoberta é o que impulsiona para a vida.
Hormônios acionados, delírios, uma onda de prazer que invade o corpo, a alma, e que fica, e que permanece, mantém viva, mantém a vida. A fusão de dois corpos, a inteligência e a oportunidade, semeando um envolvimento, que a depender de seus casos, não é sempre que se vê. A inteligência, às vezes, prefere outros parceiros, que a tratam como uma qualquer. A inteligência que não tem preço, mas se vende por tão pouco. E a oportunidade é uma parceira única, de poucos encontros, mas estes são inesquecíveis. Gozei com elas, desse encontro não esqueço mais... alguns expiram... este, jamais.

Además del Punto "I", también hay el "G"... no sé todos, pero que los hay, los hay. Y que lo tengo, la tengo... kkkk.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Beethoven e os Medos Privados em Lugares Públicos

Um gênio compositor e um filme.
O filme não vi, mas o nome já me satisfaz. Beethoven ouvi noite passada, tocou minha alma. Mais que ouvir Beethoven, tentei pensar Beethoven... o que foi cada acorde, cada nota, cada instrumento, a construção musical. No que pensava o gênio, o que queria dizer. Os medos, tais medos, nossos medos, o coletivos dos medos. Privados, públicos... pensei Beethoven. Nem tudo pode ser dito, eu bem sei disso. Sei bem que os gênios o fizeram... assim pensei Beethoven...
O sentido é contrário, a linha é oposta, nem sempre o que vem a seguir é a sequência desejada, o tom que se quer dar. É verdadeiro, mas é falso, tudo é sentido, tudo faz sentido, meu sentido, sentido, senti, sem ti.
A senha: despreza a regra natural das letras, o caminho ao qual as palavras querem levar. Despreza o caminho das linhas, faça outro sentido, encontre outros caminhos, outras possibilidades. O sentido é o que toca, e se tocar, já valeu a pena!!! Faça da vida um acróstico...

Minha, linha, vinha, cordas sãs, é a música
Dor, flor, cor, doce sabor, doces amargos
Meu, seu, nosso céu é o nosso
Afeto, concreto, um jardim, a palmeira, a flor estrela
Que som é esse? Qual silêncio se foi?
Não, vão, ruela vazia... é isso?
Pode, sobe, explode sem fim, em mim, sem mim
Ser, poder, sem saber... o sabem sim, eu sei que sabem!
Público, lúdico, púbico, e só um “l” cai
Até quando? Esperar?
Aplausos... Bravo Moreno!!! Bravo!!!

fonte da imagem: http://www.hyenaproductions.com/images/beethoven.jpg


domingo, 16 de maio de 2010

Redescobrir - A MÚSICA



Ser surpreendida pela vida, e pela emoção da vida, numa manhã de domingo, na exibição do programa Globo Rural, é no mínimo, quase engraçado... mas é isso, a vida é uma graça, uma dádiva contínua.
Difícil expressar em palavras a emoção, pura, doce, profunda, agradável, tão cheia de sentidos e quase nenhuma palavra.
Sentidos... caminhos que me levaram a outra época... que bom é poder chorar com isto.
E... que bom também... movida pela boa influência dos amigos, ser novamente mexida por uma canção.
Que jeito retrô de ser sacada deste lugar comum, do previsível, da dor que é certa e assumida e assumida como certa, das normas e obrigações impostas pelo tempo... Redescobrir de Gonzaguinha, na voz de Elis Regina, é sem dúvida um marco na história e memória de quem viu aquele especial de fim de ano.
Prá mim, a celebração da dor da alma, mas que é também o convite prá experiência do novo, da festa, da amizade, da alegria, do amor, do prazer, da vida... descobrir na dor novos rumos prá vida, e redescobrir-se nisso o tempo todo.
Mas, como entender isto na poesia e na voz de quem se foi tão cedo??? Ora, na propriedade da escolha, da própria escolha, da decisão pela escolha... como disse Erich Fromm "Amar é uma decisão"... este é o meu convite: "Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor"

Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia
Como um animal que sabe da floresta, perigosa
Redescobrir o sal que está na própria pele, macia
Redescobrir o doce no lamber das línguas, macias
Redescobrir o gosto e o sabor da festa, magia
Vai o bicho homem fruto da semente, memória
Renascer da própria força, própria luz e fé, memória
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós, história
Somos a semente, ato, mente e voz, magia
Não tenha medo, meu menino bobo, memória
Tudo principia na própria pessoa, beleza
Vai como a criança que não teme o tempo, mistério
Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor, magia
Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história

Links para a matéria sobre Doma Gentil - Globo Rural (16/05/2010):