sábado, 20 de novembro de 2010

Amadeus e a Mahler Chamber Orchestra

Aos gênios e aos loucos, a árdua tarefa da infelicidade suprema. A genialidade à semelhança da loucura destitui do humano o prazer da felicidade real, encobre na sua mais profunda destreza com o inócuo, o que lhe é mortal. Sagaz nos sentidos impróprios se debruça na dor que lhe faz ser, ser o ser.
Esta introdução pouco faz ao tentar exprimir meus sentidos todos sobre Wolfgang Amadeus Mozart. Há uma semana fiz minha estréia na Sala São Paulo, como espectadora é claro. Fui ver uma orquestra formada por músicos de 20 nacionalidades que interpretaram Schubert e Mozart. Apresentada pelo músico brasileiro, o pianista Álvaro Liviero, a peça musical e a introdução sobre Mozart traduziram em suas inúmeras composições, o quinhão de genialidade que lhe foi destinado.
As composições de Mozart provocam o que de mais insalubre se esconde em mim, simplesmente porque cada acorde invade, vasculha, penetra, também porque de lá saiu, de suas entranhas, dos cantos mais escuros de sua alma inquieta e torturada, de sua sensibilidade, de sua insensatez que desprezou a honra de manter a serenidade, a loucura que não importa, que se porta com a naturalidade de um sábio sádico e louco.
Desvario de uma pausa, um ponto, um sinal, um breve, um até já, na intensidade de uma insurreição contra o estabelecido ser, que destoa em seus verbetes morais do sano que não verbaliza.
Aproveitei para rever a película "Amadeus" e alguns pensamentos e sentimentos se cruzaram naturalmente. Mozart morreu aos trinta e cinco anos, havendo composto cerca de 600 obras. Saramago de quem falei noutro post, teve sua maior e principal produção literária após completar 60 anos, tendo vivido até os 87. Este dois dados seriam suficientes para uma infinidade de imersões com frações de um sentido próprio e pessoal para cada uma delas, mas me fincarei a um sentido somente.
O que mais teríamos de Mozart se a genialidade e a loucura não tivessem lhe tirado a vida? 
Findo fincada neste "se" de Mozart e na certeza real de haver lido o último livro inédito de Saramago.    

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