sábado, 30 de outubro de 2010

Em Um Mundo Melhor - Filme Dinamarquês

Num dia em que tudo parecia conspirar para o caos, este filme não poderia ter uma preliminar mais apropriada. Chego eu e uma amiga numa sala de cinema, compramos os ingressos com uma hora de antecedência, como não havia muita gente próxima às entradas das salas, fomos comer alguma coisa. Faltando dez minutos voltamos e qual não foi nossa surpresa que a sala estava cheia e não havia mais lugares... OVERBOOKING em cinema??? Mudaram o filme de sala e esqueceram de informar a bilheteria... pensei eu, realmente precisamos de um mundo melhor, de pessoas que respeitem pessoas...
Já sem tesão prá ver o filme, arrumaram cadeiras de madeira prá nós, outros tantos sentaram no chão, e lá fomos nós ao filme, que por sinal, quando a poeira baixou, já havia começado...
Mas, o filme valeu cada minuto sentada naquela cadeira dura e desconfortável.
O filme é um produção dinamarquesa que conta a história de dois garotos, sendo um deles, o Elias vítima de bullying e que estabelece uma relação de amizade com o outro garoto (não lembro o nome - muitas identificações... rssss), que acabou de perder a mãe e possui uma relação difícil com o pai (não por isso claro!!! rssss).
Os pais de Elias estão separados e o pai é médico sem fronteiras num vilarejo da África, região que sofre com guerrilhas paramilitares.
A história é arrebatadora, intensa, quase arranca nosso coração com as mãos.
O médico, pai do Elias, dá conta de compor um personagem que distingue de modo singular o passivo do pacifista. O que sofre a dor e a violência, mas não se rende ao revide. O enredo segue por este caminho, mas de um jeito que modera nossos sentimentos que vão da angústia de querer a justiça a qualquer preço ao pleno reconhecimento da virtude do médico Anton, o pai do Elias, que afronta o medo e assume o risco de ser ele mesmo.
As cenas são fortes, o bullying na escola dos "brancos" na Austrália, e também a violência contra mulheres e meninas "negras" grávidas na África, o machismo personificado no chefe de quadrilha de codinome "Machão". A humilhação que não tem níveis, a vingança que não tem limites, a dor que leva ao suicídio.
Torço para que este filme concorra ao Oscar, muita coisa prá se pensar... que ele volte em circuito comercial.
Anotem o nome.

Um comentário:

  1. 'É possível tolerar a tudo isso?' Eu me pergunto as vezes. Nesse exato momento onde as bases educacionais individuais ou coletivas por extensão de um mundo onde há uma suposta ética, onde não sabemos mais os limites de cada um e os fenômenos adjacentes: xenofobia, homofobia, discriminação de todas as ordens etc. E vida afora, o Estado e a sociedade em geral devem saber que as políticas implementadas nas áreas social, de saúde e educação não se restringem à economia financeira, tem toda uma realidade da natureza que precisa ser revista. Um mundo psiquico que precisa parar de ser ignorado, um estado virtual, que precisa ser considerado ... e um periodo de infância que não pode ser decartado se quisermos um mundo melhor!

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